Geografia dos nomes
Há mais de 400 anos, Shakespeare talvez nem imaginasse quantas pessoas dariam nomes a seus filhos e filhas em referência à sua obra, pensando, quem sabe um dia, encontrar o par perfeito na vizinhança.
Avançando um pouco no tempo, resolvemos obter insights onde menos se espera: geografia e nomes. Qual a chance de encontrar Romeu e Julieta como vizinhos em terra sem Capuletos e Montecchios?
Desafio dado é desafio cumprido, mas vamos por partes.
Inteligência Competitiva tem recebido cada vez mais a atenção das empresas, que demandam, mesmo em momentos de crise, profissionais e consultorias que "façam mais com menos".
Em um mundo inundado por dados, informação contextualizada adquire importância fundamental. Amazon, NetShoes e NetFlix, como exemplos, usam muitos dados, variedade, instantaneidade e contexto para orientar e sugerir navegação personalizada.
Mas sem objetivos claros e boas hipóteses, investir em ferramentas e tecnologias hype tem alta probabilidade de desperdício de tempo e dinheiro...
E Julieta disse a Romeu: "De que vale um nome, se o que chamamos rosa, sob outra designação teria igual perfume?"
De volta a Shakespeare
Dados públicos, como listas telefônicas na internet, oferecem volume e variedade. Através de robô similar ao do Google, obtemos uma matriz com milhares de linhas (nomes) e uma centena de colunas (bairros), com a quantidade de pessoas na intersecção. Tabelas tem seu appeal, mas casos como esse demandam outra estratégia: mapas.
Abre parênteses. Nosso cérebro possui várias partes especializadas no processamento de funções, mas os neurocientistas constataram que o lado esquerdo predomina o raciocínio lógico, numérico, analítico e sequencial. Por outro lado, o direito compensa com o suporte da intuição, criatividade, espacialidade, emoção e musicalidade.
Um lado foca nas partes e o outro no todo. Juntos são complementares mas, dependendo da situação ou desafio, usar apenas um lado (ou estratégia) pode ser o fiel da balança entre o sucesso ou o fracasso em negócios.
Mapas e tabelas fazem a ponte entre os dois lados. Fecha parênteses.
Uma imagem vale por melhores insights
6 milhões de nomes (pessoas), 250 mil nomes distintos, 96 distritos (bairros) na cidade de São Paulo. Filtramos 1515 Romeus (517º no ranking de nomes) e 1452 Julietas (534º no ranking) em três visões.
Como "ler" os mapas? A cor de cada distrito representa a proporção (predominância) de um nome. Quanto mais quente a cor, maior a probabilidade de encontrar um determinado nome lá.
Nos bairros da Lapa, Cambuci, Jardim Paulista, Moema e Perdizes temos de 15 a 30 vezes mais chance de achar Romeu na vizinhança do que em Ermelino Matarazzo, Jardim Ângela, Cidade Tiradentes e São Miguel.
Já para achar Julieta na vizinhança é 10 vezes mais fácil no Jardim Paulista, Saúde, Ipiranga e na Móoca do que em Parelheiros, Sé, Jaguaré ou Rio Pequeno como observado abaixo:
Na terceira visão, quando sobrepomos os dois mapas, obtemos como resposta onde há maior probabilidade de encontrar Romeu e Julieta no mesmo bairro: Jardim Paulista aparece em primeiro lugar, seguido de Moema, Perdizes, Tatuapé e Lapa na preferência por uma flecha no coração.
Agregando valor ao território
Hoje a maior parte das pessoas se limita a utilizar mapas em aplicativos como Waze, para sugestão de roteiros, ou mesmo o Google maps, para olhar fotos de satélite e/ou o telhado de suas casas.
No mundo do marketing não é muito diferente, apesar da quase totalidade das informações relevantes aos profissionais e empresas possuírem um componente geográfico, raros são os profissionais que se destacam em realmente tirar proveito delas.
Mesmo com a relevância do mundo virtual, o território ainda é o local onde ocorre a interação física das pessoas, seja no consumo, lazer, estudo, cuidado à saúde, entre outras atividades.
Além de nomes, sobrenomes, etnias e nacionalidades, podemos visualizar idade, renda, perfil de consumo, composição familiar ou outra informação que faça sentido em seu negócio.
Enxergar a geografia dos nomes tem um poder lúdico e com potencial transformador. Abre portas para identificar oportunidades, prever tendências, segmentar mercados e dimensionar potencialidades. Em outras palavras, alavanca o potencial de pesquisas e análises, seja sobre a ótica do consumidor, de um potencial prospect, da concorrência ou mesmo de sua própria operação.
Além do waze
Inteligência Competitiva, dessa forma, procura trazer luz ao comportamento humano, auxiliando na tomada de decisão das empresas.
Hoje com as ferramentas e metodologias que inexistiam na Verona de Capuletos e Montecchios, podemos trabalhar pelo final feliz sem, necessariamente, passar pelo mesmo drama.
Mas para tirar proveito dos benefícios de uma boa informação contextualizada, é imprescindível buscar mais do que orientações como "vire a direita em 90 metros, depois vire a esquerda após 200 metros".
Busque novos conhecimentos, extrapole o pensamento dominante, converse com especialistas, pense fora da caixa ... aliás, a melhor parte de uma viagem pode ser extraída do que encontramos no caminho, e não apenas no que diz respeito ao destino final.
As oportunidades podem estar ONDE menos se espera...
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O IBGE também publicou análise dos nomes do Brasil: consulte a geografia de seu nome no site do IBGE clicando aqui.